Voepass pede recuperação judicial e culpa Latam por crise financeira: entenda a situação

A Voepass Linhas Aéreas, com sede em Ribeirão Preto (SP), entrou novamente com pedido de recuperação judicial. A companhia culpa a Latam por sua grave crise financeira, alegando inadimplência de R$ 35 milhões e forte ingerência em sua gestão. Com R$ 400 milhões em dívidas e todas as operações suspensas pela Anac, a Voepass busca reestruturação para tentar retomar suas atividades.

Voepass pede recuperação judicial e culpa Latam por crise financeira: entenda a situação

A Voepass Linhas Aéreas ajuizou, nesta terça-feira (22), um novo pedido de recuperação judicial, alegando grave crise econômico-financeira. A empresa aponta a Latam Airlines como principal responsável por sua situação atual.

Segundo documento protocolado na Justiça, a Voepass afirma que a parceira exerceu um "elevado poder de ingerência" por meio de um contrato do tipo Capacity Purchase Agreement (CPA), e não apenas um acordo de codeshare, como era divulgado. Nesse modelo, a Latam tinha controle direto sobre a gestão operacional da Voepass, o que, segundo a empresa, acabou sendo prejudicial.

A crise teria se agravado após a tragédia aérea em Vinhedo (SP), em agosto de 2024, que matou 62 pessoas. Após o acidente, a Latam solicitou a suspensão de quatro aeronaves da frota da Voepass, mantendo apenas seis em operação. Além disso, a companhia afirma que a parceira deixou de repassar cerca de R$ 35 milhões em custos de manutenção de aeronaves.

"A principal responsável por sua crise econômico-financeira é a Latam, que exerceu ingerência excessiva e inadimpliu relevantes obrigações", afirma a Voepass em sua petição.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu todas as operações da Voepass em março de 2025, após constatar falhas de segurança nas operações da empresa. Desde então, a Voepass tenta reorganizar suas finanças e obteve em fevereiro a suspensão de ações de credores e apreensões de aeronaves. No entanto, sem autorização da Anac para voltar a voar, a empresa enfrentou ainda demissões e intensificou o processo de reestruturação.

"O pedido de recuperação judicial é parte de uma estratégia para manter o atendimento aos clientes e honrar compromissos com colaboradores e fornecedores", declarou a companhia em nota.

Dívidas da Voepass:
De acordo com a nova petição:

  • R$ 210 milhões com credores concursais (anteriores à recuperação judicial)

    • R$ 43,5 milhões em dívidas trabalhistas

    • R$ 162,2 milhões em créditos quirografários (pessoas jurídicas sem prioridade)

    • R$ 3,4 milhões com micro e pequenas empresas

    • R$ 187 milhões em débitos com credores extraconcursais (contraídos após o pedido anterior)

    • US$ 32,5 milhões (cerca de R$ 186,3 milhões) também em dívidas extraconcursais

Com isso, o total da dívida da empresa chega a cerca de R$ 400 milhões, sem contar os débitos em dólar.

A empresa ressaltou que a recuperação judicial não abrange os processos indenizatórios do acidente de 2024, que seguem sendo tratados diretamente com as seguradoras.