Moody's eleva nota de crédito do Brasil para Ba1, aproximando-se do grau de investimento

Na última terça-feira (01/10), a agência de classificação de risco Moody's anunciou a elevação da nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, colocando o país a apenas um degrau do grau de investimento, um selo que indica bom pagador. A perspectiva para o rating brasileiro permanece positiva, marcando um avanço significativo na classificação do país. A mudança ocorre exatamente cinco meses após a agência ter atualizado a perspectiva de "estável" para "positiva".
A Moody's afirmou que essa elevação reflete melhorias materiais na qualidade do crédito, prevendo um crescimento econômico mais robusto do que o anteriormente estimado e uma trajetória crescente de reformas fiscais e econômicas que fortalecem a resiliência do perfil de crédito do Brasil. Contudo, a agência destacou que a credibilidade do arcabouço fiscal do país ainda é considerada "moderada", o que se reflete no custo "relativamente elevado" da dívida.
A Moody's observou que "um crescimento mais robusto e uma política fiscal consistentemente aderente ao arcabouço permitirão que a dívida se estabilize no médio prazo, mesmo em níveis relativamente elevados". O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre a elevação do rating, enfatizando que o relatório da Moody's está alinhado com as diretrizes do governo e reforçando a importância de manter o foco em despesas e receitas para alcançar o grau de investimento.
O Brasil conquistou o grau de investimento pela primeira vez em abril de 2008, durante o segundo mandato do presidente Lula, mas perdeu essa classificação em setembro de 2015, na gestão de Dilma Rousseff. O rating, que indica a qualidade de crédito de um país, é essencial, pois quanto mais alta for a nota, menor o risco de calote associado ao emissor.
Muitos fundos de pensão internacionais, por exemplo, têm autorização para adquirir apenas títulos classificados como "investment grade" pelas agências de rating. Atualmente, nas avaliações das duas outras grandes agências, S&P e Fitch, o Brasil continua classificado como um país de grau "especulativo" para investimento.
O ex-ministro e sócio da Tendências Consultoria, Maílson da Nóbrega, considerou a elevação da nota como um sinal positivo, mas expressou dúvidas sobre a eficácia da política fiscal do governo. Ele acredita que a recuperação do grau de investimento durante a gestão de Lula é improvável, pois as agências de classificação observam a rigidez orçamentária que dificulta a geração de superávits, um fator crucial para estabilizar a relação entre dívida e PIB e, assim, restabelecer o "investment grade".
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