Relatório revela presença crescente de pedófilos brasileiros em grupos do Telegram

REPORTER Out 23, 2024 22 0

Especialistas em segurança digital entregarão, nesta quarta-feira (23), um relatório ao Ministério Público Federal que revela a extensão dos crimes sexuais contra crianças na internet, com foco no Telegram. O documento foi elaborado pela ONG SaferNet, que investiga a atuação de pedófilos em plataformas digitais.

Durante três meses de investigação, entre julho e setembro, foram identificadas 41 comunidades online envolvidas na troca de conteúdo explícito de pornografia infantil. De acordo com Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, uma das preocupações crescentes é o uso de inteligência artificial para manipular imagens de crianças extraídas de redes sociais, criando cenas pornográficas falsas.
“Uma simples foto de uma criança em uma rede social pode ser retirada daquele contexto e usada, inclusive com o uso de inteligência artificial, para criar imagens manipuladas representando aquela criança em uma cena de nudez ou mesmo cena pornográfica” , afirmou Tavares.

Os números alarmam: uma única comunidade contava com cerca de 200 mil membros, e o total de usuários participantes dos grupos somava mais de 1,25 milhão. Mesmo considerando a presença de robôs e participantes repetidos, o envolvimento de tantos indivíduos é expressivo. Aproximadamente metade das palavras usadas pelos criminosos estava em português, indicando uma participação significativa de brasileiros.

O pediatra e sanitarista Daniel Becker alertou para a necessidade de vigilância por parte dos pais e responsáveis, destacando a importância de conversas constantes sobre os riscos da exposição online e o cuidado com as fotos postadas nas redes.

A pesquisa aponta o Telegram como um facilitador para esses crimes devido à ausência de equipes de segurança, falta de canais de denúncia e ausência de ferramentas de moderação. O russo Pavel Durov, dono da plataforma, foi preso na França em agosto por não tomar medidas eficazes contra esses crimes, e responde em liberdade, proibido de deixar o país.