O que esperar dos resultados das varejistas no 3º tri? BTG mantém 'otimismo cauteloso'

Varejistas devem mostrar melhorias no 3º trimestre, mas desafios macroeconômicos persistem

A temporada de divulgação de resultados do terceiro trimestre de 2024, que se inicia em 22 de outubro, deve trazer sinais de recuperação para o setor varejista, com fundamentos e análises operacionais mais sólidas. A análise é dos especialistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, do BTG Pactual, que destacam que as melhores tendências de consumo nos últimos meses devem ser positivas nos números das empresas, continuando o movimento observado no primeiro semestre do ano.

O desempenho operacional do setor tem mostrado avanços, mas os varejistas terão que lidar com questões macroeconômicas que afetam as expectativas para o importante quarto trimestre. Entre os desafios indicados estão a alta dos juros — uma medida imposta para controlar a inflação — e a desvalorização do real, que afeta os custos das empresas e o poder de

Melhorias operacionais x cautela dos investidores

Apesar das melhorias observadas, o cenário para as ações do setor ainda é de cautela. Os papéis das empresas de varejo estão negociando um múltiplo de preço-lucro médio de 14 vezes, abaixo da média histórica de 17 vezes nos últimos 14 anos. Esse descompasso, segundo os analistas do BTG Pactual, reflete a desconfiança dos investidores, que seguem hesitantes em aumentar a exposição ao setor, mesmo com os fundamentos mostrando sinais de recuperação

Essa cautela pode ser explicada, em parte, pelo impacto das condições macroeconômicas adversas. A elevação da taxa Selic para fortalecer a inflação tem afetado diretamente o consumo, ao encarecer o crédito e reduzir o poder de compra das famílias. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar pressiona os custos das empresas, especialmente aquelas que dependem de insumos importados, e gera incertezas quanto

Desafios no horizonte do quarto trimestre

Com o quarto trimestre sendo o mais relevante para o setor varejista devido às vendas sazonais do fim do ano, as empresas precisarão demonstrar como estão lidando com esses fatores e qual é sua perspectiva para o fechamento do ano. A gestão eficiente desses riscos e a adaptação ao cenário econômico serão cruciais para garantir a confiança dos investidores e o desempenho nas vendas

Apesar dos desafios, o BTG Pactual aponta que o setor varejista tem agendado resiliência e deve se beneficiar das melhores condições de consumo observadas no segundo semestre. “As empresas precisam mostrar como pretendem mitigar os impactos da alta dos juros e da desvalorização do real, mas acreditam que as tendências de consumo devem continuar reforçando os resultados”, afirmam os analistas.

Conclusão

Com o início da temporada de balanços do terceiro trimestre, os resultados dos varejistas devem fornecer uma visão mais clara sobre o desempenho do setor em 2024. As empresas que conseguirem navegar pelos desafios macroeconômicos e mantiverem seus fundamentos sólidos terão melhores chances de se destacar no mercado e reconquistar a confiança