México se prepara para receber deportados em massa após medidas de Trump na fronteira
Com a promessa de deportações em massa feita pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o México iniciou a construção de abrigos em cidades fronteiriças para lidar com o fluxo de migrantes. Em Ciudad Juarez, abrigos com capacidade para milhares de pessoas estão sendo erguidos rapidamente. Enquanto isso, a desativação do aplicativo CBP One cancelou entrevistas de asilo, deixando milhares de migrantes sem alternativas legais e aprofundando a crise humanitária na região.

O México começou a intensificar esforços para lidar com a iminente crise humanitária na fronteira com os Estados Unidos. Em resposta às políticas de deportação em massa anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump, autoridades mexicanas estão construindo abrigos em várias cidades do norte do país, incluindo Ciudad Juarez. Esses espaços terão capacidade para abrigar milhares de pessoas e devem estar prontos nos próximos dias.
De acordo com Enrique Licon, funcionário municipal de Ciudad Juarez, a iniciativa é inédita na região. “É sem precedentes”, afirmou. Caminhões descarregavam estruturas de metal em pátios às margens do Rio Grande, enquanto nos EUA, trabalhadores construíam barreiras flutuantes para impedir a travessia de migrantes.
O governo mexicano também anunciou a estratégia "O México abraça você", que prevê centros de recepção em nove cidades fronteiriças. Nesses locais, deportados receberão comida, moradia temporária, assistência médica e apoio na obtenção de documentos. Uma frota de ônibus será disponibilizada para transportar essas pessoas às suas cidades natais, ajudando a aliviar a pressão nas regiões fronteiriças.
A situação se agravou ainda mais após a suspensão repentina das entrevistas de asilo nos Estados Unidos, deixando milhares de migrantes em estado de desespero. O aplicativo CBP One, usado para agendar entrevistas, foi desativado, cancelando todos os agendamentos existentes.
Casos como o de Nidia Montenegro, de 52 anos, ilustram a gravidade da situação. Após fugir da violência na Venezuela, sobreviver a um sequestro e alcançar Tijuana, ela viu seu sonho de reencontrar o filho em Nova York ser destruído. “Eu não acredito. Não, Deus, não”, disse, com lágrimas no rosto. Ao seu redor, outros migrantes tentavam, sem sucesso, acessar o aplicativo.
Enquanto isso, em outras partes da fronteira, migrantes com entrevistas marcadas relataram cenas de caos. Em Piedras Negras e Ciudad Juarez, muitos estavam sendo barrados e recebiam notificações de cancelamento de seus agendamentos. Margelis Tinoco, da Colômbia, lamentou ao lado de seu filho: “Acabou, eles eliminaram isso”.
A crise na fronteira reflete as mudanças trazidas pela nova administração de Donald Trump, que declarou emergência nacional e prometeu reforçar a segurança, aumentar deportações e designar cartéis como organizações terroristas.
A medida coloca pressão sobre os dois países para lidar com a situação de forma humanitária e eficiente, enquanto milhares de vidas permanecem em suspenso.
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