Iphan constata danos em imagens sacras tombadas após intervenções irregulares em Pirenópolis (GO)
Quatro esculturas sacras da Matriz de Nossa Senhora do Rosário, em Pirenópolis (GO), foram alvo de intervenções sem autorização do Iphan, o que comprometeu seu valor histórico e artístico. A análise técnica do instituto classificou o estado de conservação das peças como precário e recomendou restauração especializada.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) concluiu uma análise técnica sobre quatro imagens sacras da Matriz de Nossa Senhora do Rosário, em Pirenópolis (GO), e identificou intervenções não autorizadas que colocaram em risco a integridade histórica e artística das obras, todas tombadas como patrimônio cultural.
A vistoria foi realizada no último dia 8, após denúncias de que esculturas teriam sido modificadas sem a devida autorização. Entre as peças analisadas estão as imagens de Nossa Senhora das Dores, Senhor Morto, Nossa Senhora do Rosário e São Sebastião.
Segundo o relatório técnico assinado pela conservadora-restauradora Virgynia Corradi, da Coordenação Geral de Conservação do Iphan, as intervenções desrespeitaram princípios fundamentais da restauração, como a mínima intervenção, a reversibilidade e a distinção entre original e acréscimos.
A situação mais preocupante envolve a imagem de Nossa Senhora das Dores, do século XVIII, que apresenta rachaduras, deterioração de tecidos e repintura completa, encobrindo a policromia original. A imagem do Senhor Morto, também do século XVIII, teve a pintura alterada, principalmente nas áreas que simulam sangue, descaracterizando a escultura.
Já a imagem de Nossa Senhora do Rosário, considerada uma das mais importantes do templo, sofreu perda de dedos, ressecamento da tinta e escurecimento de áreas possivelmente douradas. Houve também uma tentativa de recomposição da coroa, mas a intervenção não seguiu os padrões exigidos. O estado geral também foi considerado precário.
No caso da imagem de São Sebastião, ainda não há confirmação oficial de que a peça integra o acervo protegido, sendo recomendada uma investigação mais aprofundada.
O Iphan ainda alertou para riscos adicionais, como o uso inadequado de velas e iluminação direta, que podem causar danos irreversíveis ou até incêndios. O instituto reforça que qualquer intervenção em bens tombados deve ser feita por profissionais especializados, com acompanhamento técnico e aprovação prévia do órgão.
Além das preocupações técnicas, o relatório enfatiza o valor simbólico e afetivo que as imagens religiosas têm para a comunidade de Pirenópolis. A cidade já enfrentou perdas importantes em seu patrimônio, como o incêndio da Matriz nos anos 2000 e a demolição da antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na década de 1940.
O Iphan conclui recomendando um projeto de restauração urgente, com foco na preservação da memória, identidade e história local, e chama a atenção para a importância do diálogo entre comunidade, igreja e órgãos de preservação.
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