Combate aos Incêndios no Brasil Desafia Pilotos e Exige Tecnologia de Ponta

Combate aos Incêndios no Brasil Desafia Pilotos e Exige Tecnologia de Ponta

Os incêndios que estão consumindo a vegetação em várias partes do Brasil há semanas trazem perigos não apenas para o meio ambiente, mas também para quem tenta combatê-los pelo ar. No Espírito Santo, a quantidade de chamadas aos bombeiros para apagar focos de incêndio já é o dobro de todo o ano de 2023. Para dar conta da situação, os helicópteros do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) têm sido acionados quase diariamente.

Os pilotos precisam enfrentar desafios adicionais. Com a fumaça densa acumulada entre o solo e as nuvens, as aeronaves seguem rotas mais altas, usando instrumentos para garantir a segurança. “Preferimos subir acima da camada de nuvens para ter melhor visibilidade. Voamos a no mínimo 150 metros de altitude em relação ao terreno, mas por cima das nuvens, chegamos a voar de cinco a dez vezes mais alto”, explica o piloto Daniel Quintella.

A 800 metros de altitude, mesmo sem a fumaça visível, os helicópteros localizam focos de incêndio com um sistema de câmeras térmicas, capaz de identificar queimadas a mais de 70 km de distância. “Ele dá uma leitura térmica que o olho humano não alcança”, afirma o operador aeronáutico Haroldo Pêgo.

No município de Irupi, o desafio foi ainda maior. O incêndio avançava entre montanhas, e as mudanças na densidade do ar causadas pelo calor afetavam a condição de voo. "Quanto mais quente o ar, menos denso ele é, o que diminui a sustentação da aeronave", explica o piloto Quintella. Para despejar água sobre as chamas, os helicópteros utilizam o "helibalde", um recipiente que leva mais de 800 litros de água, frequentemente retirada de fontes próximas, como piscinas.

Em setembro, o Espírito Santo registrou quase 200 queimadas. O diretor do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema), Mário Louzada, afirmou que muitos dos incêndios não são acidentais. “Fogo espontâneo pode acontecer com a queda de um raio em condições extremas, mas temos visto focos começando de madrugada, o que não é normal. Não é ignição espontânea”, disse ele.

O governo federal anunciou que, desde o início de setembro, dobrou o número de agentes atuando no combate aos incêndios no Pantanal, Amazônia e Cerrado. São 3,5 mil profissionais, incluindo bombeiros, Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança, atuando em 148 municípios que já declararam situação de emergência.