"Chips da Beleza": Anvisa Proíbe Implantes Hormonais após Centenas de Relatos de Complicações Graves

Após uma série de complicações graves relacionadas aos "chips da beleza", a Anvisa proibiu a comercialização e manipulação de todos os implantes hormonais no Brasil. Estes dispositivos, populares entre o público feminino, prometiam resultados como ganho de massa magra, aumento da libido e alívio de sintomas da menopausa, atraindo uma base de consumidores em busca de melhorias na saúde e estética. Contudo, sem comprovação científica de sua eficácia e segurança, os implantes trouxeram sérios riscos à saúde de centenas de pacientes.

Um dos casos emblemáticos é o de Fernanda Machado, de 39 anos, que colocou o chip para melhorar a libido e reduzir o cansaço após retirar um ovário. Em vez dos benefícios prometidos, Fernanda enfrenta um verdadeiro pesadelo: "Dependo de remédios, tenho problema renal e minha vida se tornou um inferno”, lamenta. Com chips de testosterona e gestrinona, um hormônio androgênico, ela lida com efeitos adversos como queda de cabelo, problemas intestinais, alterações de humor e hipertireoidismo. Para agravar a situação, o chip, com validade de seis meses, não pode ser removido até seu prazo de expiração.

De acordo com o médico endocrinologista e diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Fábio Moura, não há referência confiável para níveis mínimos de testosterona em mulheres. "Os exames que temos não conseguem medir com precisão a testosterona no organismo feminino, pois o nível do hormônio oscila conforme o ciclo menstrual", explica Moura. Esta falta de precisão, unida ao uso inadequado de substâncias manipuladas, coloca em risco a saúde das mulheres que recorrem a esses implantes.

Dados da SBEM revelam que mais de 250 complicações foram relatadas entre agosto e outubro de 2024, incluindo hipertensão, AVC, aumento de colesterol e até infarto. Embora a Anvisa permita a suplementação hormonal com medicamentos devidamente aprovados, ela alerta para os riscos de implantes sem regulação e sem embasamento científico.

A proibição dos "chips da beleza" reforça a necessidade de um acompanhamento médico rigoroso e de alternativas seguras para quem busca benefícios hormonais. Especialistas continuam enfatizando a importância de uma consulta profissional e transparente sobre as reais possibilidades e limitações de qualquer tratamento.