Aterro sanitário próximo ao DF ameaça colapso ambiental; rio de chorume preocupa autoridades

Após deslizamento em aterro da região do Ouro Verde, em Goiás, autoridades alertam para o risco de novos acidentes e contaminação do Rio Descoberto, que abastece milhares de famílias no DF e Entorno. O local funciona sem licença ambiental há anos e é alvo de ações judiciais.

Aterro sanitário próximo ao DF ameaça colapso ambiental; rio de chorume preocupa autoridades

O aterro sanitário da região do Ouro Verde, a cerca de 10 km de Brazlândia (DF), corre risco de novos deslizamentos e apresenta um cenário considerado crítico por técnicos da Secretaria de Meio Ambiente de Goiás (Semad). A informação foi confirmada pela secretária Andréa Vulcanis após visita técnica ao local, que já havia sofrido um desmoronamento na quarta-feira (18).

Durante a vistoria, técnicos da Gerência de Prevenção de Acidentes Ambientais identificaram tremores de terra e relataram o avanço de chorume em direção ao Rio Descoberto, fonte de abastecimento de milhares de famílias no Distrito Federal e no Entorno. O aterro recebe resíduos dos municípios de Padre Bernardo e Cristalina, mas não possui licença ambiental para operar na região, que é classificada como Área de Preservação Ambiental (APA).

Apesar disso, a empresa responsável pelo aterro atua no local há pelo menos seis anos, amparada por decisões judiciais. Imagens registradas por drones mostram um rio de chorume descendo o morro, aumentando a preocupação com a contaminação da água e do solo.

A Semad também realiza visitas a propriedades rurais e residências da região, orientando moradores sobre os riscos da exposição ao chorume, que contém metais pesados altamente tóxicos. Técnicos ainda trabalham na elaboração de laudos ambientais e aplicação de sanções administrativas.

Segundo Vulcanis, a responsabilização da empresa está sendo estudada. A secretaria tenta contato com a prefeitura de Padre Bernardo para discutir medidas emergenciais.

Além disso, outros aterros em Goiás, como os de Goiânia e Aparecida de Goiânia, também estão sendo monitorados devido ao risco de acidentes similares.

O Ministério Público de Goiás (MPGO) reforçou, em nota, que tenta interditar o aterro desde 2021. Em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), foi ajuizada uma ação civil pública na Justiça Federal de Luziânia pela ausência de licença ambiental válida e pelo funcionamento em área de preservação.

Em março de 2025, uma decisão liminar suspendeu o envio de resíduos ao local e baniu a empresa de processos licitatórios. Mesmo assim, ela chegou a vencer uma licitação, o que motivou novas ações judiciais.

As inspeções feitas nos últimos anos revelaram mortandade de peixes, escoamento de chorume, lixo a céu aberto e até animais domésticos soltos no meio do aterro, evidenciando os riscos à saúde pública e ao meio ambiente.